quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Programa ideal de governação (4)



5. Revogação imediata de toda a legislação com origem da União Europeia ou criada sob inspiração de organismos internacionais como a ONU – Apesar de ser o facto mais importante do nosso tempo, em Portugal existe pouca consciência dos programas de implementação de um totalitarismo global por via tecnocrata e através de vários procedimentos revolucionários de engenharia social, dos quais a UE e ONU são apenas dois dos organismos mais visíveis. Claro que há pessoas que sabem bem o que se passa, mas são precisamente aquelas que apoiam esta monstruosidade, entre os quais constam Almeida Santos, Francisco Balsemão, Diogo Freitas do Amaral e Fernando Nobre. Campanhas sucessivas de estupidificação já educaram a população para aceitar todo o tipo de medidas progressistas, quer seja para “salvar o planeta”, para proteger os gays de piadas, para proteger hipocondríacos de fumo terciário que apareça em algum proscénio ou para proteger as mulheres de terríveis fetos que aparecem nas suas barrigas. Por outro lado, os portugueses venderam-se literalmente à União Europeia, aceitando dinheiro em troca de soberania, num processo de adopção automática de legislação comunitária. Apenas focos isolados tentam combater este progresso modernista/globalista, e apenas sob determinadas perspectivas, apoiando ou pelo menos mantendo uma neutralidade em relação ao restante. Ora, a força deste processo é precisamente a de ser um projecto global, que o torna quase que imune a ataques localizados. Podemos fazer uma analogia com os sistemas de comunicação que usam espalhamento de espectro, como acontece com os sistemas móveis de terceira geração. Estes sistemas tiveram origem militar dado oferecerem algumas vantagens óbvias: ao usarem uma larga faixa de frequências, o sinal podia ser espalhado até atingir um nível ínfimo, confundível com o ruído de fundo e até estando abaixo dele até ser reconstruído na recepção, o que não só o tornaria mais difícil de detectar como de o “empastelar” pelos inimigos, cujos aparelhos de “jamming” usam uma ofensiva brutal mas localizada numa curta faixa de frequências. Quem não percebe que a guerra cultural actual é dentre destes moldes não está apto a combate-la.

Há centena de anos atrás, os portugueses foram pioneiros de uma globalização que abriu o mundo mas sem destruir as culturas locais. Certamente que o quadro é complexo, mas o processo foi essencialmente de enriquecimento mútuo – havendo aqueles que ficaram a perder, como aconteceu com algumas cidades italianas e com os muçulmanos que andavam nos mares orientais –, sem que houvesse a tentativa de implementar um processo político global, não existindo sequer ainda os instrumentos materiais e intelectuais para tal. A segunda vaga de globalização seguiu já a industrialização e não teve o carácter de bravura e ingenuidade da primeira, mas serviu para vincar a ideia de que estava a ocorrer um processo de “mundialização”. A terceira fase, em que vivemos, nasceu precisamente desta consciência, mas então alguns “iluminados” acharam que o processo não devia ser espontâneo mas devidamente controlado. A ideia é poderosa, fascinando tanto os liberais de mercado como fascinou Karl Marx. É irónico que os portugueses sejam agora dos povos que aceitem mais facilmente uma globalização que é o inverso daquela que os seus antepassados criaram, porque agora o fulcro do processo é precisamente o enfraquecimento das culturas locais – em troca de um enriquecimento temporário, se não meramente ilusório – para formar um poder global centralizador e que irá enfraquecer todos no final, excepto os próprios detentores do poder.

A revogação de legislação de origem “internacionalista” visa ser um sinal contra este processo verdadeiramente apocalíptico, quando nos apercebemos da sua dimensão e consequências. Claro que era necessário fazer muito mais, dado que se traga de uma “vaga” que se imiscua por todas as brechas e interstícios da sociedade, parecendo algo tão natural como o ar que respiramos. Os principais inimigos a vencer neste ponto são essencialmente intelectuais, que nos vendem uma ideia de inevitabilidade do progresso e da globalização nos moldes actuais. É difícil encontrar académico, comentarista ou filósofo político (com e sem aspas) que não esteja de alguma forma comprometido com o processo.

6. Extinção de todos os institutos público, da ASAE, da ERC e de todas as instituições regulatórias, observatórios, etc.; revisão das relações entre o Estado e as fundações – Parte do totalitarismo global tecnocrata a que me referi atrás é implementado através destas entidades, que criam retroactivamente uma utilidade que de facto não têm, mas que conseguem simular ante um público domesticado e uma intelectualidade comprada. Por um lado, há que fazer um combate intelectual, nos moldes já aludidos atrás, para cortar pela base a ideia da necessidade (ou inevitabilidade) destes organismos, caso contrário, elimina-se um aqui para logo ali outro brotar com força redobrada. Contudo, tudo isto cria também uma economia paralela, muito menos produtiva que o pior mercado negro, e que depois tenta sobreviver sem que para isso tenha de estar vinculada a qualquer compromisso ideológico, e que vai exercer a sua influência por todos os canais à sua disposição.

Em relação às fundações, a questão é um pouco mais complexa. Há que distinguir aquelas que fazem um mero trabalho político travestido de cultura – e estas devem ser eliminadas – daquelas que fazem trabalho válido, o que por si só não é suficiente para justificar a contribuição do erário público. Naturalmente que as primeiras tentam fazer-se passar pelas segundas e, pela sua própria natureza, são aquelas que têm maior poder retórico de defesa da sua própria utilidade. Devemos desconfiar de todos aqueles que tentam aglomerar o que é heterogéneo, já que isso indicia que eles se querem esconder atrás de algo para que as suas verdadeiras vestes não sejam reveladas.