Depois
dos prolegómenos anteriores, passo de imediato à descrição do essencial de um
programa ideal de governação, que supõe que estamos no cenário das últimas
eleições, com José Sócrates terminando o seu mandato. Não farei uma
apresentação estruturada, sectorial, mas pedagógica num total de 19 medidas,
que permita depois lançar uma reflexão mais aprofundada.
1.
Criação de um tribunal especial que julgue todos os membros do governo cessante,
assim como os principais dirigentes do Partido Socialista. Acusação: crime de
alta traição. A pena será sempre superior a qualquer uma existente no actual
código penal. Acresce ainda o confisco de todos os bens destes acusados, quer
estejam ou não em nome dos próprios.
2.
Anulação do resgate financeiro nos modelos acordados pela troika. Negociação da
saída do Euro e da União Europeia, com um plano de pagamento de todas as
dívidas a longo prazo, em consonância com algumas medidas expostas abaixo. A
aplicação da primeira medida é a maior prova da credibilidade desta segunda.
3.
Anulação imediata de todos os contratos celebrados pelos anteriores governos
com entidades privadas. Estas mesmas entidades não têm o direito a recorrer aos
tribunais e, nos casos evidentes de dolo, serão alvo de processos sumários que
visam a restituição aos contribuintes, com juros, dos fundos que lhes foram “sugados”.
No caso de empresas estrangeiras, proibição definitiva de actividade em
Portugal e proibição perpétua de entrada no país de qualquer administrador
envolvido. Naturalmente que a proibição de actividade se estende a outras
empresas que venham ser constituídas mas que tenham a mesma base de suporte
económica.
4.
Abolição da actual constituição portuguesa e elaboração de uma nova, mais
simplificada e expurgada de socialismo assim como de qualquer viés dirigista.
Princípios da nova constituição: integridade do território nacional e da língua
portuguesa; proibição de cedências de soberania (como acontece em relação à
União Europeia ou em relação a um futuro Estado Mundial); proibição de
interferência estatal na vida íntima das pessoas; proibição de concentração de
poder em sectores chave, como a comunicação social; garantia que os cidadãos se
possam defender, inclusive em relação ao próprio Estado. Extinção do actual tribunal
constitucional.
5.
Revogação imediata de toda a legislação com origem na União Europeia ou criada
sob inspiração de organismos internacionais como a ONU. Elaboração de todo um
novo edifício legislativo, simplificado, que equilibre as garantidas dos
acusados com a rapidez dos julgamentos. Criação de tribunais especiais para
resolver todos os processos em atraso num prazo de 5 anos. Redimensionamento do
corpo de juízes, assim como dos procedimentos de julgamento, para que nenhum
caso seja julgado, em definitivo, em mais de 1 ano. Criminalização de todas as
técnicas psicológicas de manipulação de massas. Criminalização de todas as
tentativas de criar monopólios, por origem privada ou estatal.
6.
Extinção da ASAE, da ERC e de todas as instituições regulatórias. Extinção de
todos os institutos públicos, observatórios, e demais “esquemas” do género. Fim
de todos os apoios a fundações e revisão dos benefícios fiscais às mesmas. Os
serviços de verdadeira utilidade pública desempenhados por algumas fundações,
que não consigam ser prestados sem ajuda estatal, passam a constar directamente
do orçamento de Estado, aprovado pelo parlamento (enquanto este existir).
7.
Fim das autonomias regionais (Madeira e Açores) e proibição da regionalização
do território, assim como da existência de movimentos separatistas, que devem
ser tratados como actos terroristas. Proibição dos municípios se financiarem
por actividades de construção. Atribuição aos municípios de competências ao
nível da cobrança de impostos, gestão de escolas, serviços de saúde, etc.
Estabelecimentos de limites ao endividamento municipal, com perda automática de
mandatos em caso de incumprimento.
8.
Restruturação completa da Concertação Social: extinção das centrais sindicais,
das confederações de patrões, das associações de comércio, agricultores, etc.
Substituição por verdadeiros representantes das várias “corporações” que
compõem o país. Contudo, acresce ainda a nova figura dos representantes dos
contribuintes, que o Estado por si não tem competência de representar.
9.
Redução progressiva do número de funcionários públicos, até cerca de 50% dos
números actuais, começando pela dispensa de 100 mil trabalhadores. Redução
faseada de impostos, para que o peso do Estado na economia não ultrapasse 20%
do PIB (incluindo os impostos sobre impostos e as despesas não orçamentadas).
Estas medidas necessitam, obviamente, de um prazo de pagamento da dívida
prolongado (entre 20 a 40 anos), mas com resultados claramente visíveis ao fim
de 3 ou 4 anos, com superavits
consistentes.
10.
Proibição de défices superiores a 0% do PIB, excepto em casos excepcionais
(calamidades naturais, guerra, etc.). Créditos fiscais aos contribuintes em
caso de superavits.
11.
Fim o ministério da cultura (ou da secretaria da cultura), e criação de um
ministério do património e da ordenação do território. O objectivo é recuperar,
num prazo de 20 anos, todo o património histórico e corrigir todos os crimes
urbanísticos que foram feitos nas últimas décadas. Implica repovoar os centros
das cidades, despovoar os dormitórios, eliminar os guetos (uma concepção
racista inconcebível dentro da cultura portuguesa), e “arejar” todas as zonas
com potencial turístico. Grande parte da transferência dos funcionários
públicos seria feita para estas actividades, inicialmente por iniciativa
estatal.
12.
Restruturação das polícias numa força única, dotada de poder para combater
eficazmente aqueles que hoje se sentem impunes: os criminosos de colarinho
branco e os terroristas dos gangues.
13.
Encerramentos dos canais privados de televisão aberta e ordem de prisão para os
seus administradores e directores de programa por crimes de traição. As
licenças podem voltar a ser concedidas a privados, que teriam de cumprir uma
legislação “anti-estupidificação” do cidadão comum. A RTP será reduzida e
vocacionada para a promoção da cultura portuguesa. Encerramento de todos os
jornais “sérios” e prisão de todos os seus directores de redacção (actuais e
passados) assim como dos administradores dos grupos económicos que os suportam.
Esta corja foi a principal responsável pela criação do Estado orwelliano em que
vivemos e não merece qualquer tolerância. Liberdade de manipulação não é
liberdade de informação.
14.
Encerramento do ministério da educação. As escolas passam a ser dirigidas pelas
autarquias. Criação de uma comissão de vigilância com a competência de
averiguar a existência de manipulação ideológica no ensino: promoção do
aquecimento global, do gayzismo, das fraudes históricas, etc. Prémios anuais
(viagens culturais, bolsas de estudo) para os melhores alunos. Uma
administração pública de elite deve captar esses alunos. Promoção de um ensino
de elite baseado na educação liberal e no ensino mediado. Reformulação do
ensino universitário.
15.
Fiscalização dos “lobos vestidos com pele de cordeiros”: ONG, maçonaria, etc. A
confirmação do tráfico de influências e de associação criminosa deve levar a um
julgamento sumário por traição.
16.
Promoção de uma política de defesa activa (para que os desenvolvimentos
militares sejam também um motor tecnológico), com restabelecimento do serviço
do serviço militar obrigatório, e tentativa de criar um espaço geopolítico em
conjunto com os países lusófonos, com vista a criar uma zona de influência
estratégica, económica e cultural.
17.
Pulverização da segurança social, distribuindo as suas características
positivas por municípios, misericórdias e associações ligadas à Igreja. Proibição
de solidariedade com fundos estatais a instituições sem respalde histórico,
porque todas as instituições modernas têm uma mentalidade corrompida.
18.
Fim do sistema parlamentar e extinção de todos os partidos. Existência de
eleições para: presidentes de câmaras municipais e de juntas de freguesias;
juízes e chefes de polícia; representantes de classes profissionais e outras coorporações.
As ordens profissionais, apesar de já se enquadrarem dentro deste cenário,
necessitam de ser totalmente reformuladas e deixar de serem redes de protecção
contra incompetentes.
2 comentários:
Caro Mário,
O caminho é mesmo esse. Logicamente se pode sempre melhorar alguns pontos, mas mesmo o que pode ser melhorado já é bom, bem melhor do que o que temos nos dias de hoje.
Não teria o menor problema em pôr o meu nome em tal plano, como deves saber.
Um grande abraço.
Carlos,
É óbvio que não pretendo apresentar um programa terminado mas fazer um exercício preliminar a quem queira pensar na política de forma minimamente séria.
Abraço,
Mário
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