13.
Restruturação da comunicação social – Está mais que na hora de acabar com a
ditadura mediática de uns quantos grupos económicos e ideológicos e implementar
uma verdadeira liberdade de expressão em Portugal. Nenhum órgão de comunicação
social deve poder continuar a funcionar se mentir sistematicamente, porque isso
tem tanto a ver com a liberdade de expressão quanto a máfia tem a ver com a
liberdade de associação. Todos nós crescemos num ambiente mediático e temos
dificuldade em perceber que não se trata de um fenómeno natural para o ser
humano. A concentração dos órgãos de comunicação de massas – que concentra
também os produtores de imagens, sentimentos e pensamentos que são vendidos a
todos pela industria de ficção – encerra
as pessoas numa jaula conceptual de uma pobreza atroz, o que se traduz numa
moralidade luciferina e num rastejar pelas camadas mais baixas da personalidade
humana. O ser humano não está naturalmente capacitado para reagir às imposições
mediáticas e nem se dá conta que vive uma existência infra-humana, ignorando
totalmente o seu potencial. A acção desenvolvida pelos meios de comunicação de
massas, mais do que uma traição ao país, é uma traição à espécie humana.
Restruturar a comunicação social nestes
moldes entra num âmbito mais alargado do que o de um programa de governação
(como acontece com muitas medidas aqui delineadas e também por isso o programa
é chamado de “ideal”). O programa ideal de governação só poderá ser colocado em
prática parcialmente por um governo oficial, ficando o restante a cargo de um
exército espiritual e intelectual, que se organiza espontaneamente na sociedade,
e que por vezes tem que, saudavelmente, se opor ao próprio governo, sem que
isto implique uma renúncia aos símbolos que as mais altas instâncias oficiais
encarnam. No actual quadro em que vivemos, é impossível destituir os “pedófilos
mediáticos” dos seus postos, não existindo enquadramento legal para tal. Isto
também acontece com uma série de outras medidas que elenquei, o que só mostra o
quanto a sociedade está desprotegida contra a sua própria destruição. Então, o
programa em si pressupõe a sua aplicação, em grande parte, num momento
excepcional, em que o país é refundado. É vã toda a esperança numa mudança
profunda mantendo a estrutura actual e, sobretudo, mantendo as pessoas que hoje
ocupam os postos mais importantes na sociedade, que não são necessariamente os
mais visíveis. Então, é óbvio que não estou delineando um plano na esperança de
algum partido existente o adoptar e tentar colocar em prática. Este é apenas um
primeiro instrumento de trabalho que visa criar condições para recolocação do
país nos eixos, dos quais já saiu quase há dois séculos, e não espero vê-lo a
ser implementado em tempo da minha vida transcorrente. É, no entanto,
necessário que o plano se basei nas circunstâncias actuais, mas escolhendo
nelas o que é essencial e não os acidentes mais vistosos.
14.
Encerramento do ministério da educação e transferência da gestão das escolas
para as autarquias
– Para implementar algo assim há que vencer a oposição de todos os pedagogos
modernos, autênticos pedófilos intelectuais e morais das nossas crianças, e a
incapacidade dos nossos autarcas, que se especializaram em negociatas de betão
e na inauguração de lupanares. Esta medida não implica a demissão total do
Estado central em relação à educação, podendo este manter uma componente avaliadora
de desvios gritantes e que assegure que alguns “serviços mínimos” estejam
sempre assegurados. O Estado pode ainda patrocinar umas poucas instituições de
referência que sirvam de exemplo sem este ser obrigatório. O fim do ministério
da educação é fundamental para limitar os militantes do abandalhamento da
sociedade, que são especialistas em parasitar este tipo de organismos centrais,
e depois tornam-se hegemónicos no seu interior. No caso da educação, eles
transformaram-na conscientemente numa estupidificação das crianças e dos jovens.
Claro que a transferência para as autarquias corre o risco dos parasitas se
deslocarem para aqui, pelo que esta medida, como todas as outras, não é para
ser vista isoladamente mas dentro do conjunto, nomeadamente à luz da promoção
da municipalidade, o que implica que os municípios têm que assumir
responsabilidades na colecta de impostos.
Este tipo de medida já foi bastante debatida em vários
“fóruns”, e aqui saliento que a sua implementação terá sempre um sucesso
reduzido se não estiver enquadrado num contexto mais alargado e coerente (o que
não exclui tensões), que tento ilustrar neste programa. Na realidade, a melhor
forma de descredibilizar boas medidas é lança-las num contexto onde elas não
têm hipóteses de ser bem-sucedidas, o que se aplica a todas ou quase todas as
medidas que listei. Por isso, desenganem-se aqueles que se iludem por alguns
políticos que “até dizem umas coisas acertadas”, porque eles simplesmente fazem
eco de algumas inquietações de forma a libertar tensões, para depois, se forem
mesmo obrigados a avançar com certas medidas, já sabem que elas irão falhar e
vão apelar a uma resignação que mantenha o regime tal como ele é.
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