sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Sinais dos tempos

Os jovens que andam de calças descaídas talvez não saibam que este “hábito” começou por ser uma forma de os presidiários norte-americanos sinalizarem a sua disposição para serem sodomizados, naturalmente com aquela delicadeza que caracteriza os homens encarcerados. Mas mesmo sem conhecer esta origem pré-histórica (para os jovens, tudo aquilo que aconteceu há mais de seis meses é colocado numa origem mítica dos tempos, do qual pouco se sabe e pouco se deve saber, devido ao risco de ostracização), qualquer um percebe intuitivamente que esta “moda” tem algo de submisso, não é apenas um pormenor estético. O sujeito de calças descaídas tem de andar de forma específica, o que limita os seus movimentos e a capacidade defensiva, além de não poder ter a coluna direita nem a cabeça verdadeiramente erguida. Fisicamente e psicologicamente, ele coloca-se numa posição de inferioridade, como o lobo que mete o rabo entre as pernas para suscitar a condescendência do macho alfa.
Podemos questionar o que fez a escola e a indústria da ilusão para levar os jovens naturalmente a uma postura derrotista e humilhante. Contudo, antes disso, penso que deviam ser procuradas causas mais “próximas”. Os nossos jovens não teriam aderido tão facilmente à postura das calças descaída se não vissem o exemplo dos seus pais constantemente com as calças arreadas, falando em termos metafóricos. Começa logo por, na maior parte dos lares, serem as mulheres a “vestir as calças”, enquanto os homens se tornam cada vez mais presenças amorfas e indefinidas. A luta moderna contra o “sexismo” acabou por criar diferenças de género de uma dimensão nunca vista, ainda para mais sem qualquer relação com as inclinações naturais das pessoas. Já não há uma descoberta do que é ser mulher e ser homem, apenas a aquisição de um papel social ditado pelo politicamente correcto, que não é apenas estúpido mas também infinitamente variável, colocando as pessoas sempre numa instabilidade que as deixa medrosas e, assim, mais dependentes do politicamente correcto.

Por outro lado, os jovens também se acostumaram a ver os pais “de quatro” em muitas outras situações. Falam mal do governo mas têm uma subserviência canina ante tudo o que o Estado pede. Os jovens habituaram-se a ver os pais desde sempre a baixar as calças para os patrões abusadores, para os vizinhos desrespeitosos, para os condutores desvairados, para os consumidores trogloditas nos supermercados e assim por diante. A educação caseira passa a mensagem de que o fundamental é a adaptação às situações, e que essa adaptação se faz sempre cedendo, mesmo se tivermos de abdicar de coisas importantes. Paradoxalmente, o jovem chega à adolescência com desejo de rebeldia mas a sua forma natural de pensar e agir é o conformismo mais rasteiro. Podemos perguntar que tipo de adulto sairá daqui, e a resta é simples: ele não chegará a adulto.