segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O dia em que Portugal morreu (5)

Uma palavra final sobre os actores políticos não executivos envolvidos no cenário que tenho vindo a comentar. Os partidos estiveram ao nível que nos habituaram, com a sua usual indigência criminosa. Aceitar comentar as suas acções pontuais, caso não seja precisamente para exemplificar a sua execrabilidade, é já a reconhecer-lhes uma dignidade que não possuem. Mas não devemos diabolizar muitos os partidos, uma vez que eles têm por trás instâncias mais poderosas e perigosas. Os jornalistas também continuaram eficazmente a focar-se nas margens da realidade, secundados pelos comentadores residentes e por vários especialistas convidados, que tentam dar um ar de seriedade a discussões que nunca seriam admissíveis num país que queira sobreviver mais 10 anos. 

Mas o mais relevante foi o comportamento da blogosfera, que parece ainda ter pretensões de se assumir como o último reduto da dignidade intelectual e moral. Não só não anteciparam que o governo ia ser “obrigado” a lançar novos impostos sobre a classe média (era fácil antecipar isto com anos de antecedência), como reagiram a isto com um espanto infinito. Debateram hipóteses num clima de escolhas impossíveis sem perceber que só vendo as coisas num quadro infinitamente mais amplo é possível ultrapassar os problemas derivados de décadas, ou séculos, de gestão danosa. 

 Sobre a actuação do governo, mais tarde direi algumas coisas quando esboçar um programa ideal de governação, para que o enquadramento possa ser o adequado.

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