segunda-feira, 15 de abril de 2013

Relatos do Inferno (1)


O ÓDIO AO PRÓXIMO

Neste fim-de-semana um homem, sem mostrar a cara, relatou num jornal televisivo a sua infeliz ocorrência na linha de Cascais. No comboio onde seguia, 4 jovens circulavam alarvemente pelas carruagens e, quando confrontados pelo revisor, disseram que não tinham bilhete, reagindo este com uma prudente ausência repentina. O nosso homem tornou-se então um alvo para os marginais e quando saiu na estação de S. Pedro foi assaltado e atirado para a linha.

Jovens criminosos como estes vivem uma situação especialmente benéfica para a suas necessidades de afirmação de poder pessoal. Num acto de magia, alguns tomam-nos como os homens bons de Rousseau, em que o mal que cometem não está neles mas em nós, que somos a sociedade corruptora. Parafraseando Brecht, quando mais criminosos são mais merecem ser inocentados. Isto materializa-se de muitas formas, na “glamourização” da violência e do crime pela indústria de ficção, na cultura musical rap e afins, na ocultação destas notícias pelos jornalistas. Há também toda uma série de grupos de pressão que inocentam estes criminosos na base da chantagem, actuando na base da defesa de causas que ninguém quer ser inimigo: anti-racismo, anti-pobreza, anti-descriminação, etc. Junta-se a isto a falta de meios da sociedade para combater as agressões, seja devido a leis e juízes facilitistas, polícias apenas armados contra cidadãos cumpridores que, por sua vez, têm que estar desarmados em todas as situações.

Toda esta situação foi montada propositadamente não propriamente para promover o crime mas, através dele, gerar um caos social e um enfraquecimento da alma humana. Nem os cretinos podem negar isto, apenas o fazem os agentes da desordem, sejam revolucionários comprometidos ou idiotas úteis. Contudo, estes agentes não se limitam a criar um clima de promoção do crime e de desresponsabilização dos criminosos. Vários deles actuam directamente sobre os criminosos, instruindo-os sobre como agir de forma destrutiva e com risco mínimo. Naturalmente que em Portugal ninguém quer se aventurar a estudar esta situação para não criar inimigos junto a grupos com algum poder (tanto de extrema-esquerda como financiados por meta-capitalistas), mas podemos inferir bastante coisas listando o conjunto de acções “inocentes” que activistas fazem em zonas problemáticas, para além dos relatos em primeira mão que podemos ter acesso. No Brasil está bastante bem documentado como os activistas de esquerda ensinaram os criminosos comuns a organizar o seu crime, e algo do género tem que se fazer por cá. Para ter uma ideia, ver:


A estratégia comunista para o continente sul-americano apostou na conquista do poder através do crime, das drogas e da teologia da libertação. Na américa do norte a aposta entrou pela via da imaginação, em especial o cinema, e também através dos intelectuais, para além de alguns sindicatos. Na Europa a aposta foi variada: sindicatos, financiamento de partidos comunistas e sociais-democratas para operar a “estratégia das tesouras”, espionagem, grupos terroristas, etc. Tudo isto está a dar os seus frutos agora na máxima intensidade, enquanto tudo o que é cretino considera que o marxismo foi enterrado definitivamente pela História, apenas porque o nome já não precisa mais ser usado.

Contudo, o relato que motivou este post não está terminado e ele ajuda a entender os efeitos sociais desta guerra cultural que actua pela via da promoção do crime. Tinha dito anteriormente que o verdadeiro objectivo não era a expansão do crime em si mas a criação de uma situação de caos propícia à tomada do poder. Se o objectivo da tomada de poder pelos revolucionários foi totalmente alcançado, este não se deu propriamente pela via do caos mas pela criação de um novo modelo aberrante de ordem. Depois do nosso homem ter sido assaltado e atirado para o meio da linha, ficou bastante mal tratado, com uma grande deslocação do ombro, tendo ainda perdido os sentidos, o que lhe daria uma morte certa com a chegada do próximo comboio. Tendo-se dado o ocorrido a meio da tarde e estando várias pessoas na estação, mesmo que não enfrentassem os criminosos, pelo menos seria de esperar que o ajudassem a sair da linha, mas não, nem sequer o alertaram para a chegada do comboio. Quem o fez foi uma senhora que assistia a cena da janela de um prédio ao lado, e o nosso homem lá despertou e conseguiu sair pelos próprios meios, apesar de estar numa situação física que os médicos consideraram depois incapacitante para tal, mas este tipo de milagres são bem conhecidos por muitos relatos de situações de grande perigo.

A situação de não querer correr perigo para ajudar o próximo já revela algo de preocupante. Como vivemos numa era de cobardes, já nem percebemos que a cobardia não é uma coisa natural como sentimento permanente, mas é algo que pode afectar qualquer pessoa em certas circunstâncias, tal como acontece com a coragem extrema. Hoje em dia o ser humano parece oscilar apenas entre a cobardia moderada e a cobardia paralisante, sendo presa fácil dos lobos bem treinados. Contudo, a situação relatada revela algo que vai além disto. Todas as pessoas que nada fizeram para salvar uma pessoa de uma morte iminente (houve depois quem ajudasse) não estavam simplesmente paralisadas, elas realmente quiseram, de alguma forma, que aquela vida terminasse.

O fenómeno é psicologicamente complexo e não se pode confundir com uma simples tentativa de homicídio. A mente humana só consegue aguentar um certo nível de absurdo, e quando este se impõe como norma social – o que acontece com esta inversão de criminoso e vítima – o absurdo vai, então, ser tomado como padrão de normalidade, obrigando a toda uma reorientação de valores e de sentimentos concomitantes. A violência e o sacrifício de um inocente constituem um ritual que convida os que o assistem a uma conversão demoníaca, como se as potenciais vítimas passassem também a ter o poder dos lobos predadores. Estava toda esta monstruosidade do cidadão comum oculta até que uma circunstância especial a revelasse? De modo algum. Basta olhar em volta e perceber como está cada vez mais presente o sentimento do ódio ao próximo, apenas interrompido pela admiração em relação aqueles que Maquiavel nos ensinou a admirar.

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